Sonhos nunca se realizam.

Deixe tudo que acredita na porta porque aqui isso tudo não irá significar nada!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um eu sem você.

Existe uma combinação mágica, dois seres humanos que se uniram e formaram um só. No começo pareciam perfeitos um para o outro, mas mudaram as estações, e as coisas mudaram também. Hoje eles são dois seres humanos, não combinam mais, e a única mágica são os choros e os gritos. O que os mantêm unidos? As lembranças? O fato de que algum dia se amaram? Não, eles hoje são apenas dois estranhos que tentam de alguma forma reatar o amor. Ela não admite que acabou, ele não quer que acabe. Eles são diferentes, e suas diferenças fazem ambos sofrerem. Onde estão as rimas? Onde está aquele amor? Acabou, teve um fim. Eles mudaram. Ela amava rosa, e ele também, hoje ele ama preto e ela ama azul. Pra ela o amor era algo simples, e pra ele também, agora ambos descobriram a verdade. Sonhavam em se casar e ter uma casa cheia de filhos. Hoje eles não tocam no assunto. Mas ainda assim quando ele a pergunta se ela o ama, ela responde que sim. Talvez seja verdade. Talvez não. Mas um dia ela resolveu responder que não. Ele chorou, ela chorou. Ele sorriu, ela não entendeu. Ele foi embora, ela implorou pra ele não ir. Mas ao sair pela porta ele sorriu e disse que agora que ela havia parado de mentir, finalmente ambos tinham admitido o que havia acontecido a muito tempo, que eles não eram mais a mesma pessoa. Ela o deixou ir, ele nunca mais voltou. Ele se casou, teve vários filhos. Ela também. Ele nunca mais pensou nela. Ela também. Ele nunca mais sonhou com ela. Ela também. Ele nem lembra mais o nome dela. Ela também. Ele agora completa outra pessoa. Ela também. Ela conseguiu esquecer ele, por que eu não posso conseguir também?

Isso é um fim.

Eu estou olhando para fora, a chuva está caindo, meu corpo está começando a tremer, estou com frio, mas não tenho forças para me levantar, não consigo nem admitir para mim mesma que estou com frio. Uma música está ecoando, vindo de algum som lá fora, e nem mesmo forças para fechar a janela eu encontro. Não consigo distinguir de onde vem esse som, que pede para voltar, não sei ao certo se é o som do meu coração. Na televisão recomeça o filme, mas não tenho vontade de virar e assistir novamente. O frio começa a aumentar, o silencio começa a fazer falta, mas o barulho me incomoda, que saudade do silencio. Eu tento me levantar, pois o frio está me matando. Deslizo até meu quarto, me segurando nas paredes, e finalmente ao chegar lá consigo escutar a voz dos meus pensamentos. O silencio. As lagrimas ainda descem, mas elas descem de saudade, do barulho, o silencio está doendo. Está lembrando que estou sozinha. Eu tento me erguer, tento me deitar em minha cama, mas logo sinto um cheiro, cheiro de uma colônia masculina, e de repente aquela cama pequena parece enorme para só uma pessoa. Eu tento me distrair, vou até o guarda roupa e o abro, logo observo o quanto ele é grande, muito grande pra mim. As lagrimas param, o silencio está ali, mas de repente uma voz começa a ecoar, a minha própria voz, começo a cantar nossa música, minha voz é fraca, e eu sinto como se meu coração acompanhasse as batidas, mas alguma coisa ainda falta. Ainda estou sozinha. Ainda preciso de um ombro amigo. Ainda preciso de você. Deito-me novamente naquela cama onde você costumava deitar, e sorriu, porque apesar de isso ser um fim, já houve um começo, já houve uma vez que você me amou que você me quis, que fomos feitos um para o outro. E eu me lembro que sempre soube que iria acabar nada é eterno, mas me alegro e digo em voz alta para mim mesma, que ninguém nunca apagará as lembranças. Adeus, vá, tente ser feliz sem mim, mas um dia você vai chorar, vai olhar para trás, vai ver que fomos feitos um para o outro, vai voltar, e vai me pedir de volta. E então essa cama ficará pequena outra vez, mas enquanto você não volta, eu vou continuar escutando nossa música, chorando em frente à televisão, ou apenas observando a chuva cair, tentando preencher o vazio que você deixou em mim.